A neurociência a serviço de uma boa memória
Neuroplasticidade é a capacidade de mudança do Sistema Nervoso Central frente ao aprendizado ou algum quadro de lesão, é a possibilidade da transformação cerebral , formação de novas redes neuronais a depender da área do cérebro que é mais estimulada por nós, através de tarefas que desempenhamos.
Ao longo da vida, ocorre a morte de células cerebrais, pelo desgaste natural da idade, levando ao esquecimento, déficit de memória. Os cientistas realizam diversos estudos não só para reabilitação da memória, como também para descobrir como podemos preservar a função cerebral de modo que a memória não seja afetada, com o passar do tempo.
Merzenich é um desses estudiosos e fundou uma empresa, a Posit Science, dedicada a ajudar as pessoas a preservar a plasticidade do cérebro enquanto envelhecem, estender a expectativa de vida mental, e realizar a reabilitação da memória, através de jogos repetitivos de computador para a memória auditiva projetados para adultos. Na sua visão, não adianta dar uma lista de palavras para memorizar, se a pessoa já está com a memória debilitada. Os adultos fazem exercícios que refinam sua capacidade de ouvir de uma maneira que não fazem desde o berço, quando tentavam separar a voz da mãe com o ruído de fundo. Para que ocorra a neuroplasticidade o indivíduo deve realizar atividade de forma contínua, algumas horas e diversas vezes por semana. Assim, foi realizado um estudo com um grupo de pessoas entre 60 e 87 anos, treinados com o programa de memória auditiva por uma hora diária, cinco dias por semana, chegando a um total de 40 a 50 horas de exercício. Concluiu-se que as pessoas que realizaram o treinamento voltaram no relógio da memória em dez anos ou mais, alguns voltaram quase 25 anos, ou seja melhoraram sua memória como se tivessem voltado no tempo de 10 a 25 anos.
Merzenich suspeita que nosso descuido com o aprendizado intensivo `a medida que envelhecemos leva a um desgaste dos sistemas cerebrais que modulam, regulam e controlam a plasticidade. Atividades como ler jornal, praticar uma profissão por muitos anos e falar em nossa própria língua são a reprise de habilidades que dominamos, não são aprendizado. Desta forma, é importante que possamos desenvolver alguma atividade nova que exija atenção muito concentrada, como aprender um novo idioma, resolver quebra-cabeças complicados ou até aprender novas atividades físicas que necessite atenção. Essa parecer ser a fórmula para não termos perda de memória com o passar dos anos.